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Construção civil apresenta crescimento de 4,3% em 2024 e alavanca economia

O setor da construção civil encerrou 2024 com um expressivo crescimento de 4,3%, segundo dados recentes divulgados pelo IBGE. O resultado representa não apenas a retomada da confiança no setor, mas também seu papel estratégico no fortalecimento da economia brasileira. Com investimentos em infraestrutura, obras públicas e inovação tecnológica, o segmento segue como um dos principais motores de geração de emprego e renda no país.

Nesta matéria, a ABRASFE analisa os desdobramentos desse cenário positivo para as empresas, destacando os fatores que impulsionaram esse desempenho e o que esperar para os próximos meses. 

Principais fatores que impulsionaram o crescimento

Esse aumento foi impulsionado por vários fatores, incluindo o aquecimento do mercado imobiliário, a retomada do programa Minha Casa, Minha Vida e as obras de infraestrutura pelo setor privado. Mas o destaque do ano, a meu ver, foi o mercado imobiliário, quando o setor apresentou um desempenho muito robusto. A agenda dos imóveis cresceu 20,9% e os lançamentos aumentaram 18,6%, em relação ao ano de 2023.

Falando do programa Minha Casa, Minha Vida, ele deixou de ser um programa habitacional e passou a ser um programa de estado, o que desempenhou um papel crucial, aumentando o acesso à moradia para famílias de baixa e média renda. Também foi responsável por 47% dos lançamentos em 2024 e 44% das vendas. Então, praticamente metade do mercado imobiliário foi o setor de habitação no programa Minha Casa, Minha Vida.

Logo, a demanda do setor imobiliário continua aquecida. O mercado continua trabalhando forte e a taxa de desemprego é baixa, o que aumenta a intenção de compra de imóveis.

Outro ponto relevante são as condições de financiamento. Se fizermos uma análise, a disponibilidade de crédito imobiliário no longo prazo vem melhorando no Brasil. Antigamente, tínhamos basicamente a poupança e o FGTS. Hoje, contamos com novas fontes de funding.

E a inflação? Por mais que muitos reclamem e declarem que ela está alta, na casa dos 5% a 6% acredito que, historicamente, ela já foi muito mais alta, e ela contribui para tornar a compra de imóveis mais viável.

Além disso, no nosso setor, há um crescimento na venda e produção de imóveis de 20 m2, ou seja, imóveis pequenos. Pode-se considerar que eles foram responsáveis por 27% dos imóveis vendidos no ano passado. Apesar de serem pequenos, cabem no bolso da população. O mercado do alto padrão também continua forte, mesmo com as crises financeiras e mudanças governamentais.

Construção civil x outros setores

A Construção civil tem um impacto direto na economia, já que se trata de uma atividade massiva em mão de obra. Assim, o crescimento na área provoca criação significativa de novas vagas de emprego.

Só no ano passado, foram criadas cerca de 110 mil novas vagas no setor, que passou a registrar 2,8 milhões de trabalhadores com carteira assinada, chegando muito próximo do recorde histórico de 2014, com a Copa do Mundo e com as Olimpíadas.

Investimentos, políticas públicas ou incentivos fiscais

Notadamente, houveram mudanças significativas de investimento nas políticas públicas. Como citado, a principal delas, ocorrida no ano passado, foi no programa Minha Casa, Minha Vida, paralisado no governo anterior. O ajuste na faixa de renda também permitiu que mais pessoas pudessem ser inseridas nas regras.

Também não podemos esquecer do incentivo feito pelo governo para estimular a compra de imóveis novos, restringindo o financiamento de imóveis usados. Ao reduzir o percentual de financiamento dos bancos para móveis usados, a produção de novos imóveis é automaticamente incentivada.

Desafios

O Brasil é um país que opera em meio a grandes oscilações econômicas, o que dificulta a consolidação de períodos longos de crescimento sustentável. Raramente conseguimos desfrutar de três ou quatro anos consecutivos de avanço pujante. Nesse cenário instável, um dos principais desafios enfrentados pelo setor da construção civil é a escassez de mão de obra qualificada, um fator que compromete tanto a produtividade quanto a competitividade das empresas. É justamente nesse contexto que a digitalização da construção se apresenta como uma necessidade estratégica, capaz de suprir lacunas operacionais e otimizar processos.

Além disso, nos últimos anos, enfrentamos uma correção nos preços das matérias-primas, impulsionada por fatores conjunturais e macroeconômicos globais. Essa elevação de custos tem pressionado significativamente o setor imobiliário, reduzindo margens e dificultando novos investimentos. Paralelamente, o Brasil lida com um cenário de déficit fiscal persistente, que limita a capacidade do estado de investir em obras públicas de grande porte.

Diante dessa limitação do poder público, as obras de infraestrutura tornam-se ainda mais estratégicas e sua viabilidade depende cada vez mais da participação ativa da iniciativa privada. Felizmente, avanços importantes, como a implementação do marco legal do saneamento básico, além de outras medidas regulatórias, têm criado condições mais favoráveis para esse movimento. Essas iniciativas têm o potencial de alavancar o crescimento do setor de infraestrutura nos próximos anos, trazendo impactos positivos não só para a construção civil, mas para toda a economia nacional.

Por Luis Claudio Mariano Monteiro, COO na SH Fôrmas Andaimes e Escoramentos

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