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Santos é a cidade mais vertical e Praia Grande a 1ª em número de imóveis no litoral paulista

Praia Grande é a 1ª em número de imóveis. A oferta de imóveis na Praia Grande faz jus ao nome da cidade. Os 2.542 apartamentos disponíveis, segundo a consultoria imobiliária Geoimovel, colocam o município no primeiro lugar do litoral paulista em número de unidades novas à venda.

O longo processo de verticalização da cidade, que recebe mais de 1 milhão de turistas a cada verão, procura atender à demanda. Pesquisa do Secovi (sindicato do setor imobiliário) de maio de 2015 mostra que o movimento se fortaleceu recentemente: nos últimos três anos, 5.747 novos imóveis foram anunciados.

O preço do metro quadrado médio na cidade é inferior aos praticados em Santos e Guarujá -R$ 4.760 contra R$ 7.900 e R$ 6.230, respectivamente, de acordo com a Geoimovel. Predominam na Praia Grande as unidades consideradas de padrão econômico (até R$ 399 mil). O perfil imobiliário, entretanto, está se diversificando: é crescente o número de novas moradias de médio e de alto padrão, especialmente na área da praia conhecida como Canto do Forte.

É lá que está o Prime Residence, construído pela Nossolar. O apartamento padrão, com área de 250 m², é vendido por R$ 1,8 milhão. Contra o estereótipo de que a Praia Grande é um destino “popular”, o dono da empresa, Rodrigo Pacheco Silva, diz que já vendeu coberturas de até R$ 8 milhões.

Segundo ele, esses clientes poderiam comprar um imóvel no litoral norte, mais valorizado, mas optam pela Praia Grande, que é bem mais perto da capital (cerca de 75 km). “As viagens do fim de semana ficam muito mais acessíveis.”

Apesar de ser um dos principais balneários turísticos do país, a expansão do mercado imobiliário da Praia Grande está atrelada também ao seu crescimento demográfico.

Segundo o prefeito, Alberto Mourão (PSDB), entre 12 mil e 15 mil pessoas se mudam para a cidade anualmente. A população deve saltar dos atuais 315 mil habitantes para 450 mil em 2025.

Além da chegada de moradores de Santos, atraídos pelos preços mais vantajosos, Praia Grande tem recebido paulistanos que priorizam a tranquilidade e estão dispostos a subir a serra todos os dias para trabalhar.

Igor Moura, diretor da incorporadora Construmoura, que tem sete torres com imóveis à venda na cidade, diz que é cada vez mais significativa a participação de pessoas que pretendem trocar o caos paulistano pelo litoral.

“Hoje há entre cem e 200 ônibus fretados que levam moradores de Praia Grande para trabalhar em São Paulo diariamente”, afirma.

O mercado consumidor do município vem crescendo, e há também quem saia de São Paulo para se estabelecer profissionalmente na praia. Cleide Florentino, 48, deixou a capital em 2003 com destino à Praia Grande. Hoje ela tem quatro lojas de bijuteria e um restaurante na cidade. Diz que nem pensa em voltar a viver em São Paulo.

A única coisa que incomoda a empresária é o grande fluxo de pessoas que frequentam a cidade na época do verão. “Tudo fica muito cheio, mas, como eu sou comerciante, o movimento me favorece. Não deveria reclamar”, afirma Florentino.

A concentração de turistas no verão, aliás, foi o que deu ao lugar a fama de “praia de farofeiro”. De acordo com o prefeito Mourão, no entanto, isso é coisa do passado.

“Mudou muito o perfil do frequentador da Praia Grande. Hoje, exigimos que as pessoas que vêm à praia de ônibus tenham uma reserva em colônia de férias ou hotel. Ninguém pode chegar e dormir na praça ou ficar na rua, como faziam antes.”

Na prática, a prefeitura proíbe o estacionamento de ônibus na rua da praia.

Em Santos, nova safra de prédios visa público local

Santos leva rankings a sério. O município mais vertical do país, segundo uma pesquisa divulgada em 2011, do Ibope Inteligência, também aparece no 6° lugar no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil.

Figurando entre as dez maiores cidades de São Paulo, com cerca de 430 mil habitantes, segundo o IBGE, é o 15° melhor município para investimentos em imóveis no Brasil, de acordo com estudo da consultoria Prospecta.

As boas colocações contribuem para que Santos vá muito além do turismo, setor que leva à cidade quase a metade dos 10 milhões de visitantes esperados anualmente nas praias paulistas, de acordo com o Brasil Brokers.

Santos também é a campeã de lançamentos residenciais na Baixada, como mostra pesquisa de 2015 da Secovi (sindicato do setor imobiliário): mais de 6 mil lançamentos no período, quatro vezes mais que no Guarujá.

“A cidade tem uma economia própria. Quem mora em Santos não precisa sair para nada. Você encontra os benefícios de São Paulo com a vantagem de ter uma praia no seu quintal”, opina Evanilson Bastos, diretor nacional de vendas da Rossi.

A incorporadora tem três empreendimentos lançados nos últimos cinco anos no município, todos de padrão econômico, com dois ou três dormitórios -foco das vendas na cidade.

As plantas mais procuradas, segundo o Secovi, são as de dois quartos, com metragens de 51 m² a 90 m², conforme estudo do Brasil Brokers. Para Bastos, o que diferencia Santos das outras cidades do litoral paulista é a independência em relação aos períodos de férias.”Normalmente existe migração na alta temporada, mas, em Santos ela funciona o ano inteiro.”

Para o diretor regional da Secovi na Baixada Santista, Carlos Meschini, Santos deixou de ser foco dos que procuram apartamentos de veraneio. “Antes, quando o feriado era longo, a cidade ficava lotada. Hoje as pessoas saem dela e vão para cidades próximas”, conta.

Segundo pesquisa do Brasil Brokers, 48% dos compradores de imóveis em Santos são da própria cidade, enquanto 29% são da capital paulista, que fica a 73 quilômetros de distância.

O advogado Mário Bueno, 46, por exemplo, tem sua primeira moradia em Santos e, a segunda em São Paulo, usada para trabalho.

Em janeiro, ele se muda com a família para um apartamento de 126 m² no edifício Supremo Boqueirão, em uma das áreas mais valorizadas da cidade. “O prédio é novo, moderno, com uma área de lazer boa. Tudo me agrada”, afirma o advogado.

O edifício da Âncora Construtora, que tem outros dois empreendimentos em Santos, oferece “terraço-grill”, spa e duas piscinas.

As criticas de Bueno à cidade têm relação com o crescimento que a coloca entre as mais importantes do litoral: “É uma cidade em plena expansão, mas não consegue comportá-la. Santos se tornou muito insegura, e às vezes acho que o trânsito daqui fica pior que o de São Paulo”.

Para o presidente do grupo Brasil Brokers, Bruno Vivanco, o período de expansão econômica de Santos se deu entre 2000 e 2013, com a descoberta do pré-sal, a criação do VLT (veículo leve sobre trilhos) e de um túnel ligando a cidade ao Guarujá.

“Todo mundo que olhava para Santos enxergava um investimento imobiliário de potencial gigante. O mercado explodiu”, afirma. A partir de 2013, no entanto, o mercado começou a desacelerar e o “vento passou a soprar contra”, segundo Vivanco, do Brasil Brokers.

Nada que não seja contornável, diz a presidente da Âncora Construtora, Angela Crego: “O que precisamos fazer é nos adequar à realidade e melhorar as condições de pagamento para os compradores”, afirma.

Em Santos, uma série de prédios chama a atenção daqueles que passam pela avenida Bartolomeu de Gusmão, paralela à praia. Não é a arquitetura moderna nem a churrasqueira gourmet que atraem os olhares. Ali, o princípio é o mesmo da Torre de Pisa, na Itália: quanto mais torto o prédio, melhor.

A cidade tem ao menos 651 torres inclinadas, analisadas pela prefeitura em 2014. O edifício mais torto tem desvio de 1,8 metro. Esses imóveis foram construídos entre os anos 1950 e 1960, sobre uma camada de areia seguida de outra de argila mole. Com o tempo, o peso fez com que suas fundações chegassem à argila e os inclinasse aos poucos.

“O tipo de fundação se mostrou inadequado com o tempo”, diz Orlando Damin, engenheiro civil da Secretaria de Infraestrutura e Edificações de Santos.Segundo ele, a escolha da construção foi tomada com base no custo da obra. “Uma fundação profunda representava cerca de 20% do valor total, enquanto a mais rasa custava até 8%.”

No entanto, para o professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Santa Cecília Luiz Nunes, a inclinação já havia sido prevista. “As estruturas são muito rígidas. Se fossem mal calculadas, teriam quebrado”, explica.

Cerca de 3% da população santista mora nos 65 prédios mais tortos e lida com a desvalorização de seus imóveis no mercado. O risco que cada um apresenta ainda é analisado. “Muitos querem se mudar, mas não conseguiriam comprar nada com o que vão obter”, diz Damin. “Afinal, quem quer viver em um edifício onde você caminha e sente que está se inclinando?”.

Fonte: Folha de São Paulo, Especial Morar, 29/11/2015

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