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Os conflitos das fraudes na indústria da Construção Civil

Na última década, as fraudes no Brasil, e especialmente na construção civil, se multiplicaram. A operação lava-jato trouxe à tona uma infinidade de esquemas fraudulentos envolvendo empresas e governos.

Apesar de o tema ser bastante abrangente, minha intenção é colocar um pouco de luz sobre as fraudes que afetam os negócios de locação de equipamentos e mais especificamente aqueles que visam o desvio de ativos das locadoras.

Na indústria da locação de equipamentos, na qual uma boa parte dos produtos é semelhante, commodities sem diferenciação visual ou número de série, o risco de fraude aumenta, o que facilita a comercialização e que pode ter como receptadores outros fornecedores dessa mesma indústria. E, aqui, o perigo é maior, já que na ponta do delito pode ter alguém que conhece como funciona o processo de contratação, bem como os termos e argumentos para driblar pontos de controle das locadoras.

Nos últimos tempos, as empresas tiveram de se adaptar a um modelo mais digital de fazer negócio. No mundo virtual, existem pouquíssimas formas, e ainda caras, de garantir a identidade de quem está do outro lado do teclado, seja num chat, e-mail ou site de assinatura de contratos. Algumas empresas estavam mais preparadas do que outras, mas alguns fraudadores estavam um passo à frente.

A transformação digital veio para ficar, mas é imperativo ter processos seguros. Os contatos iniciados por meio digital são os preferidos pelos meliantes e, neles, é necessário realizar uma dupla checagem das informações fornecidas pelos clientes. Confirmação de identidade dos contatos, validação de destino de cargas, monitoramento de aumento repentino no volume de material, visita prévia ao canteiro de obra e atenção nos casos em que o cliente aceita pagar o primeiro preço pedido, sem nenhum tipo de negociação, são algumas fases do processo às quais devemos estar atentos.

No início de 2020, uma associada da ABRASFE sofreu uma tentativa de fraude. Naquele momento, o esquema foi frustrado devido à malícia de um colaborador, que estava bastante atento. Alguns meses depois, o fraudador utilizou-se da mesma narrativa, mas com outro interlocutor, que estava concentrado no atingimento das metas e, quando se deu conta de quão estranha era a situação, a fraude já havia sido aplicada. Posteriormente, a locadora conseguiu identificar que parte do produto desviado estava à venda em um site de comércio eletrônico. Com apoio de agentes policiais, advogados e alguns colaboradores, conseguiu montar uma operação, resgatar parte da carga e abriu um processo criminal contra o receptador, que, nesse caso, era um concorrente.

Os fraudadores emitem sinais e as empresas devem estar atentas. Quanto mais pessoas preparadas e alertas dentro da organização, mais fácil será identificar e se antecipar a esses movimentos. É fundamental que todos os líderes sejam conscientizados dos riscos de fraude. O ser humano é um elo importante, é ele que vai ouvir o “canto da sereia” e poderá ceder à pressão do cliente, deixando que a vontade de fazer negócio seja maior do que a atenção aos sinais de fraude.

Por mais que as empresas se preparem e implementem medidas de segurança em seus processos, os fraudadores renovam suas táticas e, muitas vezes, até repetem da mesma forma, mas envolvendo pessoas, momentos e locais diferentes.

Fórmula mágica não existe. É necessário manter alto nível de vigilância nos processos, identificar e consertar as falhas, implementar novas tecnologias, reduzir ao mínimo a possibilidade de alguém liberar um ponto de controle, conscientizar e treinar suas lideranças e desenvolver na organização o conceito de negócio seguro. Há situações em que é melhor perder um negócio do que perder dinheiro.

Por Anderson Fritz – Formado em Administração, possui especialização em Finanças e Tecnologia. Desde 2005, compõe a diretoria da SH.

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