Gatilhos para o Crescimento do Mercado: o momento da volta por cima chegou?
No mês de agosto, a CBIC foi destaque no jornal O Estado de São Paulo, com reportagem que mostra que, diante da alta dos materiais e da inflação, empresas têm investido em tecnologia para melhorar a produtividade.
De acordo com a Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (COMAT/CBIC), a adoção da tecnologia no canteiro de obras acontece a passos mais lentos, se comparada com o pré e o pós-obra, porém, em meio aos aumentos sucessivos de preços, as empresas estão percebendo que investir em tecnologia trará ganhos mais expressivos ao final do processo”. De acordo com a COMAT/CBIC, dentre os principais problemas enfrentados pelo setor da construção no segundo trimestre de 2021, estão a falta e o alto custo da matéria-prima (55,5%), seguidos da elevada carga tributária (31,5%).
Nos próximos anos, o Brasil deve voltar à condição de um verdadeiro canteiro de obras, como resultado dos leilões e das concessões promovidos pelo Ministério da Infraestrutura. Para 2022, a expectativa é de que o total de investimentos privados contratados na área chegue a R$ 260 bilhões. Em dois anos e cinco meses de governo, a pasta já concedeu 70 ativos à iniciativa privada. Na área de transporte rodoviário, alguns projetos previstos para leilão no segundo semestre deste ano são: Dutra (Rio-São Paulo), BR-163 (Mato Grosso-Pará) e BR-381/262 (Minas Gerais e Espírito Santo).
Será que chegou o momento da volta por cima?
Na condição de entidade representativa do setor, convidamos duas empresas associadas para compor o nosso editorial desta edição da ABRASFE InForma. Veja o que elas têm a dizer sobre os gatilhos para o crescimento do mercado e como eles respaldam essa condição.
“O mercado imobiliário brasileiro vem de um ciclo negativo e, a partir de 2019, vem entrando numa curva de crescimento que é o início de um ciclo positivo. Temos vários aceleradores do mercado imobiliário em momentos de crescimento.
Temos gatilhos tradicionais que acionam essa positividade e um deles é: quando se vem de uma recessão, os lançamentos e obras diminuem consideravelmente e, com isso, os “estoques” de imóveis prontos tendem a se esgotar. Já com a melhora do mercado, há a necessidade de novos lançamentos e obras. Outros fatores muito importantes são a melhoria da economia e o aumento da confiança do consumidor e da segurança em seus empregos, o que os leva à compra do primeiro imóvel ou à mudança para um imóvel superior. Com isso tudo somado a uma taxa de juros atraente como estamos tendo no Brasil, a demanda aumenta consideravelmente.
De outros gatilhos mais recentes que chegaram há pouco, destacamos a facilidade da compra de um imóvel de forma digital, o que cresceu absurdamente no Brasil com a chegada da pandemia. Além disso, a adoção do home office também fez com que as pessoas buscassem imóveis mais confortáveis e mais apropriados a essa nova forma de trabalho que chegou para ficar.
Um outro ponto interessante e não menos importante, que gera uma nova demanda, é a chegada do “Público do Futuro”, que é basicamente formado por jovens adultos (entre 25 e 35 anos), solteiros, que já trabalham e não querem morar com os pais, ou seja, que têm condições e querem comprar um imóvel”, observa Renison Moreira, diretor comercial do Grupo Orguel.
“A construção civil, aos olhos dos investidores, não é um setor perene e talvez a última década tenha sido um dos momentos mais conturbados para o segmento. Nessa montanha-russa caótica, existem fundamentos básicos que, quando alinhados, são os principais gatilhos para um novo ciclo de crescimento.
Importante esclarecer, em primeiro ponto, que não há crise de demanda no setor. Vivemos um déficit habitacional de 7,8 milhões de unidades e estima-se chegar a 9 milhões em 10 anos, portanto a questão principal é entender os fatores que ‘disparam’ esses gatilhos:
A manutenção da taxa Selic, atualmente em patamares baixos, graças à inflação sob controle (iniciamos o ano em 2% e, hoje, chegamos em 5,25%, mas bem distantes ainda dos 14% do pico da crise), gera oferta de crédito a juros atrativos tanto para as construtoras quanto para os compradores e deu fôlego ao setor.
A desoneração de taxas e impostos – a reforma tributária em trânsito – deixou de fora a taxação sobre os dividendos dos fundos imobiliários. Isso torna-os mais atrativos em relação aos outros fundos e, por não ser dinheiro especulativo (o investidor busca uma renda complementar de longo prazo), cria-se um ciclo de reinvestimento.
A taxa de desemprego, ainda alta no país (em torno de 14 milhões), precisa recuar para impactar positivamente o setor, contudo a própria construção civil tem contribuído para essa queda ao criar 156 mil novos postos de trabalho entre janeiro e maio de 2021.
O mercado externo vive um bom momento (puxado pelas projeções de crescimento de 6,4% para os EUA e 8,4% para a China) e os fundos imobiliários brasileiros são atrativos a investidores estrangeiros capitalizados”, conclui o engenheiro Enio Valverdi Chaible, diretor comercial do Grupo Tensor.
Nesta 6ª edição da nossa revista digital, trazemos falas e comportamentos do setor de fôrmas, escoramentos e acesso que denotam a nossa expectativa e indagação aqui proposta!
Por Ricardo Gusmão – Presidente da ABRASFE