Investimento em ferrovias deve chegar a US$ 64 bilhões
De acordo com levantamento da Rede de Obras, ferramenta de pesquisa da e-Construmarket, o sistema ferroviário brasileiro tem, atualmente, 77 novos empreendimentos, dos quais 27 estão em fase de construção e outros 50, na etapa de desenvolvimento, totalizando investimentos de US$ 64.882.424 bilhões. Como principais obras, o estudo destaca o trem expresso do Aeroporto de Cumbica e a linha 13 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), ambos localizados em São Paulo e com previsão de investimentos de US$ 293.103 milhões.
A dimensão da malha ferroviária nacional concedida à iniciativa privada já atinge a marca de 27.782 km. O número consta do ‘Balanço do Transporte Ferroviário de Cargas 2014’, estudo divulgado pela Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários (ANTF). O documento mostra, ainda, que o uso de trens para movimentação de cargas cresceu 2,63% comparando-se o desempenho de 2014 com o de 2013. Outro dado do relatório é que, em sete anos, entre 1997 e 2014, os investimentos das concessionárias e da União no setor somam mais de R$ 45,6 bilhões, sem levar em consideração os valores destinados à expansão da malha.
A evolução do transporte ferroviário no Brasil ainda está aquém do necessário, segundo avaliação do engenheiro Orlando Fontes Lima Júnior, professor pós-doutor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “A malha ferroviária é pequena em face da dimensão do país, além disso, está situada principalmente nas regiões litorâneas. Exceção é o Estado de São Paulo, onde as ferrovias são muito bem distribuídas”, afirma o docente. O grande problema que impede o avanço do modal no Brasil é a falta de ferrovias com longas distâncias. “Isso tira sua competitividade em relação ao sistema rodoviário”, completa.
São Paulo é também o Estado que mais se destaca quando o assunto são trens de passageiros, porém a região ainda é incipiente no transporte interurbano. “A maior parte das capitais brasileiras são servidas por trens suburbanos, mas existe potencial muito grande para ferrovia ligando, por exemplo, São Paulo às cidades da região metropolitana de Campinas”, diz.
Se o sudeste e o sul do país são bem servidos no transporte ferroviário de carga e razoavelmente atendidos em trens de passageiros, o mesmo não acontece em outras regiões. “O norte, nordeste e centro-oeste têm poucas ferrovias de carga, e somente algumas cidades contam com trens de subúrbio razoáveis”, fala o docente. Apostar nesse modal é uma das maneiras de diminuir os gargalos de logística do Brasil, já que as ferrovias têm escala de operação muito maior do que as rodovias. “Todos os granéis, em princípio, são cargas de natureza ferroviária. Sofremos muitas pressões do jogo rodoviário instaurado no país e isso dificulta as mudanças”, lamenta o engenheiro.
Para o docente, os investimentos no segmento devem, prioritariamente, ser direcionados para a construção de novos trechos. “Devemos priorizar a criação de novas linhas já definidas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O Brasil necessita de uma ferrovia que corte seu território de maneira paralela ao litoral, mas na região mais interior. Essa ferrovia integrada às já existentes reduziria o custo dos fretes”, finaliza Fontes.
LIGAÇÃO COM AEROPORTOS Para o professor Orlando Fontes Lima Júnior, o projeto do trem expresso até o Aeroporto de Cumbica é uma excelente iniciativa, que condiz com o porte de uma cidade como São Paulo. “A maioria das principais cidades do mundo tem conexões ferroviárias (metrô ou trem) com os grandes terminais aéreos. Acredito que Viracopos, em Campinas (SP), deveria ter ligação semelhante”, opina.
Fonte: Rede de Obras